sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Clima Organizacional como Factor de Gestão Escolar


Clima Organizacional como Factor de Gestão Escolar: Caso da Escola Primaria Completa de Terrene 

Por: Maria de Lurdes Namuana[1]; Manuel da Fonseca Jorge Rapieque[2] e Elizete Marieta Capuro[3]

RESUMO

A gestão escolar vem apresentando uma grande importância no âmbito mundial, tornando-se cada vez mais evidente a necessidade de que as instituições adoptem uma gestão democrática e participativa para que haja o desenvolvimento pleno do ensino e da educação como um todo. A responsabilidade da gestão escolar é a de responder pela gestão administrativa, gestão pedagógica, gestão de recursos financeiros e gestão de pessoas. No entanto, este projecto de pesquisa aborda “o clina organizacional como factor de gestão escolar na EPC de Terrene”. Assim, tem-se dado menção de que as instituições possuem suas necessidades, porém seus colaboradores também; para uma conciliação dos interesses de ambos ou a nível interno um Clima Organizacional favorável poderá contribuir para tais finalidades. É importante para toda empresa ter funcionários que trabalhem em harmonia para que esta colha resultados positivos, portanto, os departamentos ou os actores que constituem a organização precisam trabalhar unidos para que a instituição consiga obter sucesso. Logo, necessita que aqueles que trabalham em cada sector tenham um relacionamento interpessoal estável e o Clima Organizacional pode contribuir para resultados eficazes. O Clima Organizacional trata-se do ambiente interno de uma empresa, incluindo subordinados, supervisores e direcção. O relacionamento entre as pessoas do trabalho deve ser saudável para que a empresa também esteja com saúde, pois, este assunto está ligado directamente com a satisfação do trabalhador e seus resultados na corporação

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Clima Organizacional
Partindo dos depoimentos de LIBÂNEO (2004:99) apoiando-se em CHIAVENATO (1983) defende que “a escola pode ser considerada uma organização na medida em que ela se constitui como unidade social de agrupamentos humanos intencionalmente construídos e reconstruídos”. Este autor adopta o sentido amplo de organização, ou seja, “unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos próprios” (LIBÂNEO, 2004:100)
O clima organizacional representa a personalidade de cada instituição escolar, manifestada nos conceitos e sentimentos que funcionários, professores e demais membros da comunidade escolar partilham e sentem a respeito da organização escolar, liderada pelo gestor, sendo que estes afectam de maneira positiva ou negativa sua satisfação e motivação para o trabalho.
De acordo com LUCK (2010, p. 65),
“O clima organizacional corresponde a um humor, estado de espírito colectivo, satisfação de expressão variável segundo as circunstâncias e conjunturas do momento, em vista do que seu carácter pode ser sobremodo temporário e eventual, dependendo da resolução das condições que criam essas características daí a ser também cognominado de atmosfera”. 

Essa atmosfera é construída e vivenciada por todos que fazem parte do quotidiano e do ambiente escolar. É constituída a partir das relações interpessoais e até mesmo por factores externos relacionados ao ambiente físico da escola, como reformas estruturais, por exemplo.
·         É possível identificar dois tipos de clima dentro das escolas: o clima fechado, onde os membros do ambiente de trabalho não são considerados nem  consultados, representando-se, assim, como rígido, autocrático e constrangedor; e o clima aberto, no qual é percebido um ambiente com indivíduos motivados, com o trabalho reconhecido, uma vez que há a participação desses indivíduos em todos os níveis do trabalho e das decisões.

Deve sempre ser lembrado que “o objectivo da escola é o ensino e a aprendizagem dos alunos; a organização, a gestão, as condições físicas e materiais são meios para se atingir este objectivo” (LIBÂNEO, 2004, p. 11) Sendo então definida a escola como uma organização, passamos as principais definições sobre clima organizacional. De acordo com BRUNET(1992): “O clima de uma organização reporta-se a uma série de características relativamente permanentes”, que:

-   Diferenciam uma dada organização, podendo considerar-se que cada escola é susceptível de possuir uma personalidade própria, um clima específico;
-     Resultem dos comportamentos e das políticas dos membros da organização, especialmente da direção, uma vez que o clima é causado pelas variáveis físicas (estrutura) e humanas (processo);
-      São percebidas por membros da organização;
-   Servem de referência para se interpretar uma situação, pois os indivíduos respondem às solicitações do meio de acordo com a percepção do clima;
-      Funcionam como campo de força destinado a dirigir as actividades, na medida em que o clima determina os comportamentos organizacionais. 

Dessa forma, gestores, para que possam ser considerados competentes, é necessário que se debrucem sobre questões referentes ao clima e a cultura escolar e sobre condições que criam e suas manifestações que expressam um conjunto de respostas tácitas, atitudinais e comportamentais aprendidas colectivamente no enfrentamento de desafios. Assim, (...) É condição para que os fundamentos, directrizes, princípios e objectivos sejam adequadamente formulados, construídos e interpretados à luz da realidade em que serão aplicados e sejam devidamente traduzidos para os atores, assim como esses atores, colectivamente organizados, compreendam os desafios próprios de organização de seu ambiente para tal implementação. (LUCK, 2010) 

De maneira geral, clima e cultura organizacional não são termos sinónimos, mas complementares e que estão intrinsecamente ligados: É importante reconhecer que os conceitos de clima e de cultura organizacional estão intimamente interligados, de tal modo que não apenas se reconhece que um faz parte do outro como também se sobrepõem e se confundem em muitos aspectos, conforme se observa na realidade. (Idem, p. 53) 

Dessa forma, é imprescindível que o gestor tenha a capacidade de conhecer e compreender como realmente se apresenta o clima e a cultura organizacional no seu âmbito escolar de modo a traçar seus objectivos e suas acções visando à melhoria do trabalho escolar como um todo. Portanto, o gestor não deve se esconder das dificuldades ou culpá-las pelo fracasso escolar, ao contrário, ele deve assumir um papel de liderança e auxiliar que a comunidade escolar caminhe em direcção ao sucesso do processo de ensino-aprendizagem: Os gestores escolares, considerando-se as expressões ideais de sua actuação, ao assumirem as responsabilidades de seu cargo, passam a ter como inerentes a ele a responsabilidade de liderar a formação de clima e cultura escolar compatível com concepções elevadas da Educação e políticas educacionais, de modo que se promova ambiente escolar estimulante e adequado para a formação consistente e  aprendizagem significativa de seus alunos.
De acordo com TAGIURI e LITWIN (citado por COELHO, 2004, p. 170) o clima organizacional pode ser definido como uma qualidade relativamente permanente do ambiente interno da organização que:
-        É percebido pelos seus membros;
-        Influencia seu comportamento;

-  Pode ser descrito em termos de valores de um conjunto de características (ou atributos) da organização”.
Segundo SOUZA (1978), “Clima Organizacional é um fenómeno resultante da interacção entre preceitos/normas, tecnologia e carácter/afectos. Esta autora estabelece uma relação entre seus preceitos e o modelo de McClelland. Assim, “o motivo do poder indica valorização dos preceitos; o motivo de realização enfatiza a tecnologia; e o motivo de afiliação dá destaque ao carácter”.

Não obstante, o mesmo autor ressalta que “como cada um dos elementos culturais é formado por diversos componentes, são inúmeras as combinações possíveis entre eles, criando-se climas de maior ou menor rigidez, realização ou emocionalidade”. Dentre os três elementos culturais, “o carácter é o mais crítico, por ser o menos lógico, menos racional, menos volitivo e mais impulsivo” e seu manejo é feito com ferramentas técnicas da ciência do comportamento. Consoante estes pronunciamentos aqui referir que, esse Clima Organizacional está relacionado com moral e satisfação daquilo que os membros têm por necessidades, podendo ser: saudável ou doentio, quente ou frio, negativo ou positivo, satisfatório ou insatisfatório. Está sujeito ao estado em que cada membro se sente em relação à empresa. Neste sentido, o Clima Organizacional vai reflectir a qualidade ou propriedade do ambiente da empresa. Ela é percebida ou experimentada pelos colaboradores da empresa e influencia seus comportamentos.

Portanto, a Cultura Organizacional está presente durante a existência da organização ou durante parte dela, porém, o Clima Organização está em constante mudança. As organizações podem passar por fases de dificuldades no mercado, momentos de crises que o país atravessa, adopçãode novas tecnologias que eliminam funcionários, a contenção nas políticas de salários e benefícios, a acrescente exigência dos empregados são factores que podem modificar o clima da organização e afectar seus resultados.

Gestão

O termo gestão relaciona-se com administração, ou seja, administrar uma organização conduzindo-a para a concretização de objectivos. Segundo MAXIMIANO (2007), “administrar é um trabalho em que as pessoas buscam realizar seus objectivos próprios ou de terceiros com a finalidade de alcançar as metas traçadas”. Dessas metas fazem parte as decisões que formam a base do ato de administrar e que são as mais necessárias. Ainda de acordo com MAXIMIANO (2007), “o panejamento, a organização, a liderança, a execução e o controle são consideradas decisões e funções, sem as quais o ato de administrar estaria incompleto”.

A administração é uma das formas de gestão, pois define metas e quais recursos serão necessários para alcançá-las envolvendo e organizando os colaboradores para o alcance destas metas, além de a realização das actividades corrigindo-as quando necessário.
Conforme DAFT (2010),
“Administração é o atingimento das metas organizacionais de modo eficiente e eficaz por meio do panejamento, organização, liderança e controle dos recursos organizacionais. Gestão é o ato de gerir, ou seja, realizar acções que conduzam à realização dos objectivos e metas propostas. O termo gestão deriva do latim gestione e significa gerir, gerência, administração. Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando atingir determinado objectivo. Gerir é fazer as coisas acontecerem e conduzir a organização para seus objectivos”.

Portanto, gestão é o ato de conduzir para a obtenção dos resultados desejados. (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2002, p. 136) Administração e gestão não são sinónimos, porém são processos complementares pois processos de gestão bem-sucedidos estão intimamente ligados a bons procedimentos de administração.

Isso porque, conforme indicado, bons processos de gestão dependem e se baseiam em processos e cuidados de administração bem resolvida. A administração constitui um conceito e conjunto de acções fundamentais para o bom funcionamento de organizações, por estabelecer as condições estruturais básicas para o seu funcionamento. Daí ser incorporada pela gestão em seu escopo, como gestão administrativa. (LUCK, 2007). A administração geralmente está ligada a processos burocráticos e a gestão relaciona-se com uma proximidade maior entre líderes e liderados, uma maior cooperação nas decisões e resultados, porém administração e gestão devem caminhar juntas, complementando-as mutuamente.

Gestão escolar

A gestão está presente em todas as empresas e instituições públicas e particulares, sendo actualmente fundamental e necessária no sector de educação. A gestão escolar engloba as incumbências que as unidades escolares possuem, tais como: elaborar e executar a proposta pedagógica, administrar o pessoal e os recursos materiais e financeiros. “A gestão escolar constitui uma das áreas de actuação profissional na educação destinada a realizar o panejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efectividade das acções educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos”. (LUCK, 2009, p. 23)

No entanto, o processo de gestão nas instituições de ensino precisa ser global, sendo de responsabilidade de toda comunidade escolar. Participam deste processo o director de escola, o coordenador pedagógico, o supervisor de ensino, os professores e todos os demais funcionários, além da família que tem um papel importante e fundamental neste processo.

A gestão escolar tem que ser construída colectivamente, não pode ser fragmentada e sim participativa e democrática. “A gestão democrática implica a efetivação de novos processos de organização e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça os processos colectivos e participativos de decisão”. (BRASIL, 2004, p .15). É importante que a comunidade participe da gestão escolar através dos conselhos escolares, sendo que esta democratização da escola traz benefícios tanto para a equipe como para a comunidade.

Objectivos da gestão escolar

A gestão escolar tem como objectivo propiciar aos estabelecimentos escolares uma administração eficiente, sendo fundamental no processo de democratização da escola, englobando tanto os aspectos pedagógicos como o aspecto burocrático.
De acordo com LUCK (2007),
“A gestão escolar evidencia-se na literatura a partir dos anos 90, sendo reconhecida como base fundamental para a organização significativa e estabelecimento dos processos educacionais e mobilização de pessoas voltadas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de ensino que oferecem”.

A gestão educacional pode ser considerada um modelo de como gerir o sistema escolar, modelo este que deve estar pautado na promoção humana, ou 30 seja, deve visar todos os integrantes do sistema educacional, tais como gestores, professores, alunos e comunidade, acontecendo dentro e fora da escola. A gestão da educação acontece e se desenvolve em todos os âmbitos da escola, inclusive e fundamentalmente, na sala de aula, onde se objectiva o projecto político pedagógico não só como desenvolvimento do planejado, mas como fonte privilegiada de novos subsídios para novas tomadas de decisões para o estabelecimento de novas políticas. (CATANIetal, 2009, p.309).

É importante que a gestão educacional esteja pautada em aspectos democráticos e participativos, sendo que esta construção colectiva de objectivos resulta na democratização da escola e na sua consequente melhoria enquanto local de formação de cidadãos conscientes de sua importância na sociedade.

Funções da gestão escolar

A gestão escolar engloba todas as actividades da instituição. Ela é responsável, através de seu gestor, por garantir a organização e desenvolvimento da gestão da escola, materializando planos e projectos elaborados pela mesma. O artigo 12 da Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996a) destaca as principais incumbências da gestão escolar nas unidades de ensino com a seguinte redacção: Os estabelecimentos de ensino, respeitada as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
-              Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
-              Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
-              Assegurar o cumprimento dos dias lectivos e horas-aula estabelecidas;
-              Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
-              Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
-              Articular-se com as famílias e comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
-              Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica;
-              Notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima cinquenta por cento do percentual permitido em lei.

Para a realização de suas funções pode-se classificar a gestão escolar em três áreas que funcionam de forma interligada: a) gestão de Recursos Humanos: refere-se ao relacionamento com pais, alunos, comunidade, professores e pessoal administrativo, que deve ocorrer de forma a garantir o perfeito funcionamento da escola, contornando os problemas que surgirem e as questões de relacionamento humano; b) gestão Administrativa: relaciona-se à parte física e institucional.

A parte física é o prédio e os equipamentos/materiais que a escola possui e a parte institucional são os direitos e deveres, as actividades da secretaria e a legislação escolar; c) gestão Pedagógica: estabelece os objectivos gerais e específicos para o ensino, definindo-os a partir do perfil da comunidade e dos alunos, além de elaborar os conteúdos curriculares e acompanhar e avaliar os alunos, os professores e a equipe gestora. As atribuições da gestão pedagógica estão descritas no Regimento Escolar e no Projecto Político Pedagógico da escola. De acordo com VIEIRA (2008), “o panejamento, a elaboração e a execução de uma proposta pedagógica é a principal das atribuições das unidades de ensino, devendo ela, assim, na sua gestão, trilhar um caminho orientado por esta finalidade”. 

O panejamento deve ser colocado em prática através de acções sociais elaboradas colectivamente, sendo que o processo educativo se torna mais eficaz quando todos percebem que fazem parte do processo.

O gestor escolar precisa conhecer a comunidade em que sua escola está inserida para que possa adaptar seu trabalho às necessidades de todos que fazem parte da comunidade escolar. Dentre as características fundamentais do gestor escolar pode-se destacar a capacidade de exercer uma liderança democrática e a capacidade de delegar as tarefas à sua equipem. Ele deve difundir na instituição valores como autonomia e responsabilidade.

Clima nas organizações escolares

A partir da concepção de clima que mostra uma forma como o ambiente organizacional é percebido e interpretado pelos empregados (TAMAYO, 1999), bem como as percepções divididas entre os membros da organização sobre o ambiete, nota-se que o ambiente escolar possui condições dramáticas ou não, capazes de gerar nos indivíduos envolvidos sentimentos referentes as suas experiências no sistema escolar (MILICIC; ARON, 1999).

Assim, pode-se definir clima como o conjunto de crenças, valores e atitudes que interagem entre os alunos, professores e administradores para definir os parâmetros de comportamento aceitável e normas para a escola. Apesar de a escola constituir-se como uma forma de organização ela apresenta peculiaridades inerentes ao seu ambiente, permitindo criar um ambiente com clima diferente dos outros tipos de organizações, principalmente as privadas.

Dessa forma GRIFFITH (1999) afirma que: “O Clima da escola facilita as interacções sociais e individuais, satisfazendo a identidade dos membros do grupo e necessidades interpessoais, chamada expressiva ou emocional ela está dividida em duas formas:”
·    Ordem Social que refere-se a estrutura social nas escolas,como os objectivos da escola, normas e valores, papéis definidos de funcionários e alunos, clima social e a Acção Social relacionada às interacções do dia-a-dia entre os alunos, funcionários da escola e os pais.

Diante do exposto, é possível entender que para existir um ambiente com clima social positivo deve-se existir um ambiente físico adequado, actividades variadas e de comunicação, diversão respeitoso entre professores, alunos e colegas, bem como a capacidade de entender cada valor, iguais ou diferentes (ARON, MILICIC, 1999). Esse clima será gerado a partir de uma cultura fundamentada em um conjunto de pressupostos básicos reinventados, descobertos e/ou desenvolvidos por um dado grupo, através do aprendizado e enfrentamento de seus problemas de adaptação externa e integração interna (TAMAYO, 1999).

APRESENTACAO, ANALISE E INTERPRETACAO DE DADOS

A primeira questão pretendia saber, em que circunstancias os professores trabalhavam em equipe?
Para essa questão, os dois membros de direcção afirmaram que os professores trabalham em equipe ou em pequenos grupos no período de dosificação de aulas, no inicio do trimestre. Ora, o trabalho em equipe não pode ser adoptado somente ao período de dosificação escola devia criar uma filosofia de formar equipes de trabalho para todo o tipo de actividades nela realizada. Isso ajudaria a criar um clima de trabalho e de colaboração saudável, para alem de puder proporcionar resultados mais seguros e eficientes.

GRIFFITH (1999), afirma que, “O Clima da escola facilita as interacções sociais e individuais, satisfazendo a identidade dos membros do grupo e necessidades interpessoais, chamada expressiva ou emociona”.

As equipes de trabalho promovem boa interacção entre as pessoas e consequentemente pode resultar no bom relacionamento entre as pessoas envolvidas contribuindo para a criação de um bom clima de trabalho. Quanto a coordenação de actividades no período de planificação trimestral (Questão 2) o primeiro membro de direcção afirmou que quem coordena e o coordenador de ciclo, enquanto o outro membro de direcção disse que a coordenação de actividades nesse período fica a cargo do delegado de disciplina.

Quando consultados se os professores tem feito parte das actividades de gestão da Escola, (Questão 3), os membros de direcção foram unânimes em afirmar que as actividades de gestão da escola ficam a cargo da direcção da escola.

Esse posicionamento deixa parecer que os membros de direcção não percebem que a gestão escolar é um processo partilhado, cuja gestão devia ser feita com envolvimento de todos os intervenientes escolares, como é o caso dos professores. Essa atitude poderia funcionar como fonte de motivação e inspiração para com os professores e, consequentemente ajudaria a melhorar o seu desempenho. Os membros de direcção acham que, seus Professores não têm problemas que possam constituir alarme. Para eles, os professores estão todos num bom caminho. Essa forma de pensar pode incubar diversos problemas uma vez que inquietações nunca faltam, sobretudo num grupo de trabalho envolvendo pessoas com diferentes particularidades individuais.

Os membros de direcção deviam regularmente conversar com seus professores e funcionários de modo a se informarem sobre possíveis inquietações no seio dos seus funcionários. Para os membros de direcção, os professores apresentam bom desempenho, com excepção de um e outro que por vezes falta ao trabalho por vários motivos. Mas temos tomado conhecimento. Na opinião dos membros de direcção, para resolver ou ultrapassar problemas emergentes da escola, normalmente a direcção ou o conselho da escola tem intervindo na solução, ou negociação para sanar os problemas ocasionais.
No que diz respeito ao relacionamento entre professores e membros de direcção, estes últimos são de opinião de que relacionamento e saudável pois, não há problemas que podem ser considerados graves.

Entrevista com Professores da Escola Primaria Completa de Teacane
Sobre o trabalho em equipe ou em pequenos grupos, 5 professores, (83,3%) dos professores afirmaram que eles trabalham em pequenos grupos quando querem resolver um problema de trabalho e precisam de se apoiar um do outro. 1 Professor, (16,7%), disse que nunca tem realizado trabalhos em pequenos grupos.

Como se pode ver nas respostas dos Professores entrevistados, a maioria desses Professores refere que o trabalho em pequenos grupos tem acontecido nas situações em que há uma dificuldade a ser enfrentada por parte de alguns deles e como forma de sanar a dificuldade organizam-se em grupos para juntos discutirem a solução do problema. Esta atitude é da autoria e criatividade dos Professores, e não da Direcção da escola.

A escola ou a direcção da escola devia ser a primeira a promover acções de género, como forma de moldar nos professores um espírito de equipe e consequentemente relacionamento interpessoal. Com base nas respostas dos professores, pode-se notar que a escola não tem o Habito de promover trabalhos em equipe. Qualquer um de nos pode coordenar os encontros. Normalmente aquele que entende um pouco sobre o assunto que está sendo discutido.

Quanto a maneira como os membros de direcção lidam com os professores, (Questão 3) todos os professores entrevistados (100%), foram unânimes em afirmar que os membros de direcção, não têm consideração para com os professores. Pois, tem a tendência de trata-los como se fossem inferiores. Por vezes usam termos não adequados para falar com uma pessoa adulta, o que tem desmotivado os Professores. A resposta dada pelos Professores, pode significar que o relacionamento interpessoal na escola em estudo, não e saudável, e isso pode provocar insatisfação e afectar o desempenho dos funcionários, sobretudo dos Professores.

De acordo com LUCK (2010, p. 65), O clima organizacional corresponde a um humor, estado de espírito colectivo, satisfação de expressão variável segundo as circunstâncias e conjunturas do momento, em vista do que seu carácter pode ser sobremodo temporário e eventual, dependendo da resolução das condições que criam essas características daí a ser também cognominado de atmosfera”.

A autora pensa que a insatisfação no Professor pode ter impacto directo sobre o desempenho e isso poderá afectar igualmente a aprendizagem dos alunos pois, um Professor insatisfeito dificilmente poderá mostrar um bom desempenho no seu trabalho, nesse caso, em sala de aulas.
Os membros de direcção deviam procurar criar um ambiente harmonioso na escola, respeitando os Professores os demais funcionários para promover um clima de trabalho aceitável e consequentemente elevar a moral dos seus colaboradores. Essa acção teria como resultado a motivação dos Professores e funcionários e consequente promoção no seu desempenho.

No concernente a (questão 5), sobre o tratamento dado aos Professores ou Funcionários com bom desempenho, 2, (33,3%), afirmaram que tem havido premiados no final do ano lectivo ou mesmo no inicio de cada ano lectivo. Outros 4, (66,7%) dos Professores, disseram que a direcção da escola tem oferecido prémios mas, os prémios oferecidos na Escola têm sido por afinidades, embora usem o argumento de melhor Professor ou funcionário.

Na opinião dos Professores, isso também afecta a moral dos professores com bom desempenho, uma vez que eles se esforçam e não são reconhecidos. Isso pode criar nesses últimos, um sentimento de frustração e consequente desmotivação, afectando assim o seu desempenho. Com base na opinião dos professores pode notar que a modalidade pela qual a direcção da escola oferece prémios, pode criar descontentamento no seio dos Professores ou funcionários, o que pode conturbar o clima escolar pois, o trabalho dos Professores e determinante no desempenho da escola ou mesmo na aprendizagem dos alunos.

Quanto a (questão 8), sobre se o Professor se sente satisfeito com seu trabalho, 3, (50%) dos professores afirmaram que não. Não se sentem satisfeitos, porque o relacionamento interno não tem sido bom. Outros 3, (50%) dos Professores, disseram que não tem escolha e que por isso procuram forçar uma satisfação alternativa. Como se pode ver, a metade dos professores se sentem insatisfeitos e outra metade diz procurar criar uma satisfação quase aparente com relação a seu ambiente de trabalho. A insatisfação quase generalizada no seio da organização escolar, pode minar o clima organizacional da escola e consequentemente perturbar o funcionamento da própria escola.

Os membros de direcção deviam procurar melhorar cada vez mais o ambiente de comunicação a nível institucional como forma de se informar e clarificar todos os aspectos da vida da escola e melhorar igualmente a forma de lidar com seus subordinados.

Entrevista com pais encarregados de educação.
Aos pais encarregados de educação, procuramos saber da efectividade dos seus educandos na sala de aula? Como resposta a primeira pergunta, 4, (66,7%) dos Pais/encarregados de educação, disseram não ter muita certeza se de facto os Professores aparecem normalmente na escola para leccionar suas aulas. Enquanto outros 2, (33,3%), afirmaram que sim, os professores tem aparecido para leccionar suas aulas.

Para esta questão a maioria dos pais encarregados de educação não sabem se de facto os professores aparecem as aulas ou não. Este desconhecimento pode significar que os pais encarregados de educação não acompanham o percurso estudantil de seus educandos, o que pode perturbar o clima organizacional, uma vez que terminado o ano lectivo esses pais encarregados poderão exigir a transição de seus educandos, mesmo desconhecendo o seu real desempenho ao longo do ano lectivo.
A direcção da escola devia promover encontros com pais encarregados de educação para sensibiliza-los a acompanhar continuamente a escolaridade dos seus educandos, como forma de ajudar a escola na gestão da aprendizagem dos alunos.

A terceira pergunta, procurava saber como o Pai encarregado de edução avalia o trabalho da direcção da Escola onde seu educando estuda? Para esta questão os pais encarregados de educação acreditam de que o trabalho da escola e bom embora não sabem muito bem como a escola funciona. A incerteza dos Pais encarregados de edução pode estar ligada com o facto da escola não ter o habito de convidar os pais encarregados de educação para discutir situações relacionadas com a vida da escola.

A questão 5, procurava saber o seguinte: Tem sido convidado para participar na solução de problemas da escola onde seu educando estuda? Para esta questão, todos 100%) dos Pais encarregados de educação, foram unânimes em afirmar que nunca foram solicitados ou convidados para o efeito, excepto as reuniões normais de abertura e de divulgação de notas.

A direcção da escola devia regularmente convidar parte dos Pais encarregados de educação para envolve-los na discussão e tomada de decisão sobre determinados assuntos da escola. Essa atitude poderia funcionar como promotor de um clima organizacional saudável, uma vez que os pais poderiam se sentir inclusos na vida da escola e isso poderia motiva-los e anima-los. A motivação dos pais encarregados de educação poderia impulsionar no clima organizacional.

A pergunta 6 procurava saber o seguinte: Como avalia o relacionamento entre Professores e alunos na escola onde seu educando estuda? Para esta questão, 5 (83,3%) dos Pais encarregados de educação afirmaram que o relacionamento é bom mas a aprendizagem tem sido fraca. Contudo não entendem os reais motivos de tal fracasso. Outro pai/encarregado, disse não ter certeza porque não sabe no concreto como tem sido a realidade dentro do recinto escolar.

Tomando em consideração o depoimento da maioria dos Pais encarregados de educação pode se perceber que os alunos enfrentam problemas de aprendizagem, apesar de aparente bom relacionamento. Esse facto pode estar relacionado com o desempenho dos professores em sala de aulas, o qual não permite uma interacção que crie motivação nos alunos e consequente percepção dos conteúdos trabalhados.

Conclusão 
A pesquisa tinha como pergunta de partida: Até que ponto a gestão da escola pode influenciar o clima organizacional? Como resposta antecipada a pergunta de partida, foi colocada como hipótese: O modelo de gestão escolar pode influenciar no clima organizacional.  Esta hipótese foi confirmada pois, depois da entrevista com Professores, Membros de direcção e Pais/encarregados de educação a maioria foi unânime em afirmar que a maneira pela qual a escola e gerida pode ser determinante na criação de um clima organizacional saudável que impulsione o desempenho tanto dos professores como dos alunos.

O modelo de gestão escolar pode ser determinante na criação de um clima organizacional que promova um bem-estar, tanto dos professores e alunos, como dos membros de direcção e pais encarregados de edução.A direcção da escola é responsável pela criação de um clima organizacional que promova boas relações interpessoais na escola. A postura da direcção da escola pode ser determinante na motivação dos professores e funcionários e isso pode promover o comportamento e desempenho dos mesmos.

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[1] lurdesnamuana@gmail.com, Docente da Universidade Pedagógica - Nampula
[3] Estudante da Universidade Pedagógica - Nampula

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